Escrever por escrever

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Location: Rabarrabos, Coimbra, Portugal

Tuesday, May 30, 2006

Celulose

Muitas das películas de cinema que vemos hoje em dia são baseadas ou adaptadas em obras literárias anteriores.
O Nome da Rosa. Doutor Jivago. A Lista de Schindler. O Paciente Inglês. África Minha. O Fiel Jardineiro. A História de um Sonho que resultou em Eyes Wide Shut.
E também os nacionais. O Crime do Padre Amaro – por duas vezes. Frei Luís de Sousa. A Costa dos Murmúrios. Balada da Praia dos Cães. Jangada de Pedra.
Muitos de nós lemos o livro e depois temos a surpresa de surgir o filme. Ou pelo contrário: vemos o filme e depois lemos para saber o que foi escamoteado na passagem para 35mm. E não são raras as vezes, quer o percurso se faça de uma ou outra maneira, que nos sentimos defraudados.
Na literatura ou pseudo-literatura, surgem grandiosos sucessos de vendas ainda que sem a justificativa qualidade. Apenas por serem polémicas as temáticas abordadas. E por ter por trás uma machina de markting irrepreensível do ponto de vista económico. Um desses casos foi sem dúvida O Código Da Vinci. Ontem fui assistir ao cinema – apenas para não passar completamente ao lado deste fenómeno, já que prometi a mim mesmo não tocar na versão papel há muito tempo. Não é nada de especial. Um monte de investigações ou ficções que outros elaboraram compulsadas por um só. O que mais me estranha é como é que meio mundo segue fielmente esta patranha. É muito importante que as pessoas não se esqueçam que o livro é um romance e que o respectivo filme é por isso ficção.

Enquanto isto dura vou ficar à espera que saia em filme O Capital de Marx.

Bujarda

Pauleta no amigável contra Cabo Verde marcou três golos.
Ó rapaz, não os gaste todos agora, que quando chegar o Mundial nem tocas na chicha.

E meus senhores, o Pauleta já marcou mais golos que o Eusébio, mas também já fez muitos mais jogos. Nesses tempos idos não havia amigáveis como há hoje. As botas eram mais pesadas. Et cetera.

No final, fazem-se as contas do coeficiente de cada um.

Monday, May 22, 2006

Vinde

Desde 18 de Maio está no museu da villa romana do Rabaçal a exposição Da Terra à Terra – Do Templo ao Museu: Escultura Religiosa Quatrocentista do Rabaçal. Para quem ainda não conhece o Rabaçal e a estação arqueológica, vale a pena vir pela 1ª vez. Para quem já visitou, vale a pena voltar e ver em especial esta exposição. Sobre ela propriamente dita, não vou revelar nada, apenas que é gente muito responsável e digna, que dá todos os dias um bocadinho de si para aquele museu, quem trabalhou para que as esculturas vejam agora a luz do dia.

E para os "maluquinhos" do Código Da Vinci: também está exposta uma Maria Madalena!

Incoerências

Contra o Sexismo, o Fascismo, o Estado e o Capital.
Isto pode ler-se num muro em Coimbra na zona da Alta Universitária. E não é preciso ser-se um génio para dizer que quem escreveu tal coisa foram os jovens de esquerda.
É curioso que vejo sempre grupos de rapazes, com poucas ou nenhumas raparigas. É também curioso que sejam novos demais para entender o que foi viver sob o Fascismo. É curioso que reclamem com o Estado as elevadas propinas.
Podiam reclamar a falta de condições nas salas de aulas mas se faltam a maior parte do tempo… Se as propinas são tão elevadas porque é que alguns já coleccionam tantas matrículas? Se se preocupassem em estudar em vez de conspurcar todos os centímetros desta bela cidade. Reclamem sim, mas em sítio próprio. Ou vão para casa ler o Le Monde Diplomatic que a vossa loura querida mãe divorciada compra, sem entender uma letra, com o dinheiro da pensão do papá.

Os ricos que paguem a crise.
Lia-se a alguns metros do outro grafito. Mas se a crise é dos pobres, coitadinhos dos ricos se a tiverem que pagar. Distribui-se pelos pobres que são mais e onde todos ajudam nada custa.

À Cornada

Abriu com pompa e circunstância o restaurado Campo Pequeno. A RTP fez serviço público de televisão e mostrou a todos os portugueses que quiseram ver o espectáculo.
A minha questão prende-se com o facto de aquele edifício agora exemplarmente melhorado não se limitar à tauromaquia. E se não se limita à tauromaquia, porquê passar em horário nobre a triste humilhação do touro? Ou o cavaleiro do alto do cavalo, ou 8 contra um, ou um com pano e espada, todos gozaram com o pobre “Miura”. Acho que anda aí muita gente a precisar de ler ou reler Os Bichos!
As tradições evoluem. Vejam em http://rabarrabos.blogspot.com/2006/05/aladino.html.

Marquetingue

Nestes dias que antecipam o Mundial de futebol, qualquer marca ou loja tem produtos alusivos ao tema. Numa loja de roupa feminina presente em ambos as novas catedrais de consumo de Coimbra, há numa prateleira bem à entrada 4 tipos de camisolas: Azul italiana, amarela alemã, branca francesa e vermelha espanhola e na frente de cada uma para alem do respectivo nome do país, há um canto em baixo com os dizeres This Is a World Champion.
Se a Espanha é campeã do mundo então porque não também camisolas de Portugal, ou do Gana, ou do Togo, ou de Trinidad e Tobago. A Espanha, o melhor que conseguiu foi atingir os quartos de final em 94 (EUA). Portugal tem o 3º lugar e o melhor marcador de 66 em Inglaterra.
Venham a nós los peseteros euros.

Civilization

A grande Lisboa tem dezenas de centros comerciais, o grande Porto idem. Muitas outras grandes cidades também. Coimbra sentia-se a ficar para trás e vai daí num ano inauguram-se dois grandes pólos. No entanto a civilização não se traz por aí. Continuam a chegar muitos azeiteiros de camisa aberta com pilosidade peitoral abundante laureada com fio de ouro, falam bastante alto, não dispensam um piropo às “gaijas” e deambulam conforme calha aos encontrões se preciso fôr. Não perca em exibição num shopping próximo de si. E não há “Fenaque” que nos valha.

Maneta?!

Normalmente reservo o caderno dos Classificados à fogueira. Tenho carro e casa e não tenho dinheiro para comprar ou arrendar outros. Tenho animais de estimação e não frequento leilões. Mas um dia destes, desfolhei-o [sic]. Há uma parte que é a do Relax que tem Mensagens para companhia ou massagens.
Alguém me explica o que é ou como é que a alguém atrai:

  • Um "peitinho" 42;
  • Completíssima – será que outras são mutiladas?;
  • Massagem a 4 mãos por massagista diplomada;
  • Apertadinha;
  • Peludinha;
  • Primeira vez – só se for com aquele cliente;
  • Chupa chupa delicioso.

E vejam só ao que chega esta família:
3 AMANTES LOUCAS
Mãe+Filha+Cunhada, simultâneo, 3 bocas, 3 rat*****, experiência única, show de babar.

É só comprar o jornal do dia e ver.

Wednesday, May 17, 2006

Cirurgíco

Quando vou no carro, e por vezes em casa, gosto de sintonizar a TSF.
As notícias, a música, os debates.
Anteontem, ainda antes da convocatória do Felipão, estavam a discutir os potenciais mundialistas e a comentar uma afirmação do Xerife. Dizia ele que ainda não sabia o onze titular contra Cabo Verde - jogo amigável pré-Mundial. E o senhor que na rádio comentava diz: "Ele pode não saber o onze completo mas já tem 95% da equipa definida."
Huuum!!! Achei estranho. Estava e chegar a casa e fui fazer umas contas.
95% de onze jogadores são 10,45 jogadores. Curioso, não é? Portanto o selecionador já tinha definido 10 jogadores e 2 pernas sensivelmente.
Na conferência de imprensa anunciando os convocados, o Luíz Felipe afirma ter certeza em 7/8 jogadores. Portanto fazendo as contas, entre 72,7 e 63,6% dos jogadores estavam já escolhidos.

As percentagens podem ter décimas, mas os homens não podem ser assim mutilados!

Friday, May 12, 2006

Ortografia

Hoje em dia, todos utilizam a net, quase todos os dias. Se queremos enviar parabéns a alguém enviamos um e-card. Já muito poucos utilizam papel e caneta e os serviços dos CTT, a não ser a EDP, as Finanças, a PT, as autarquias para nos sugarem até ao tutano.

Então quando recebo uma carta de alguém fico muito satisfeito. Sentir o papel, ver a caligrafia da pessoa, ver o selo, o carimbo.

O senhor George Walker Bush recebeu uma carta de 18 páginas do senhor Mahmoud
Ahmadinejad e, vejam só, não vai responder. Que falta de educação. 18 páginas sem troco. Mas será que o Ahmadinejad escreveu em persa ou tem uma caligrafia muito má? Ainda bem que estudei Paleografia. Ajuda muito nestes casos.
Ainda para mais o senhor que mora naquela Casa Branca da avenida da Pensilvânia, nº1600 disse que "a diplomacia é a opção nº1 para resolver problemas"...

Depois admira-se que os outros não o convidem para brincar aos cientistas nucleares e com os aviões.

Pinga

Não admira que Portugal tenha bons enólogos. Está no Ácido DesoxirriboNucleico português cuspir para o chão. Ora o enólogo só tem que bochechar e acertar no balde.
Por outro lado, também está no ADN tuga não estragar uma gota que seja. E andar a cuspir o precioso néctar deve dar um nó na alma ao escanção português.

Ó pá!

Primeiro a Sonae sobre a Pê Tê, depois o Bê Cê Pê ao Bê Pê I, desfolheio o jornal e lá está Ibersol sobre Telepizza.
Se alguém tem aí alguma coisa para eu opar diga, porque eu quero uma OPA só para mim.

Na procissão de Pascoela ainda me enganaram, disseram que havia opas para todos. Lá iam os homens da terra com opas vermelhas vestidas a abrir a procissão. Andores, padre, povo e filarmónica atrás.

Muleta

A Colecção Deuses do Futebol do Público entre Maradona, Zidane e Pelé tem Rui Costa. Esse mesmo.
Reflicto. Será que não há nenhum outro jogador que tenha sido ou seja melhor que o Rui?
Eusébio? - Não. É um clichê. Coluna? - Não. Grande jogador à sombra do Eusébio, infelizmente.
Figo? - Não. É um "pesetero". Vitor Baía? - Não. Tantos títulos para quê se é guarda-redes.
O Rui é mesmo o maior jogador português de todos os tempos.

Os (que escolhem os) Deuses devem estar loucos.

Salgadinhos

Ainda sobre a ausência de deputados na Assembleia às sextas-feiras.

Em Portugal, qualquer sítio onde se oferece alguma coisa tem enchente. Sejam bilhetes para a bola, chapéus ou camisolas. Então comida nem se fala, todos aparecem para prová-la.

Remédio santo: Uma mesa no corredor de São Bento ou mesmo no centro do hemiciclo para os senhores deputados encherem a mula.
Há um senão: Mais dinheiro dos contribuintes a encher pançudos!

Friday, May 05, 2006

Pérolas a Porcos

Excelente banda desenhada.
Um porco que adora sandes de bacon.
Um rato que faz reportagens do Iraque sem sair de casa.
Zebras que dão prémios de coragem póstumos a irmãos que bebem ao lado dos leões.
Só visto.

Preguntem-lhe!

Fnac Coimbra. 04-V-06.
Destaques.
Um livro de Pedro Paixão nas mãos. Bonitinho. Espelhado, com o título a vermelho.
Contra-capa. Citação de outra obra e dizia "Blá, blá, blá preguntar-lhe blá, blá, blá."
"Preguntar-lhe"?-pergunto-me.
Dicionários.
Um Dicionário escolar elementar nas mãos. Per-. Per-. Perguntar: questionar, inquirir, interrogar.
Acho que nunca na vida vou ler um livro deste senhor, e a culpa nem é dele é do marketing da editora.
Só porque o Word não detecta o erro... ficamos burros de repente?!