Em Agosto de 2005, quando regresso do Al-Gharb a casa, passando pelas terras de Além-Tejo, reparo que, como é natural naquele mês do ano, está tudo seco, amarelo, quente, quase morto como no deserto do Sahara ou do Chile, pensei que todos tivessem partido e deixado aquela terra para trás. Era o que parecia.
Esta semana, voltei ao Al-Gharb, mas não na vaga de turismo de fim-de-semana pascal. Novamente no regresso, deparo com uma realidade completamente diferente. Tudo está verde, florido, com animais nas pastagens, vacas, ovelhas, cabras, cavalos, ribeiros e rios a fluir. Contrariando até o meu pensamento de Agosto passado, há novas árvores plantadas. No entanto, não há bela sem senão, algumas são pináceas.
Temos em Portugal um tão rico naipe de árvores mediterrâneas e continuamos a plantar aquelas que El-Rei Dom Dinis importou das terras nórdicas, cheias de resina, que arde tão bem, arde melhor que eucaliptos – outra praga, mas cuja folhagem é 60% humidade. Devido a interesses puramente económicos, de lucro a curto, imediato prazo, preferimos vilipendiar as espécies da família das Fagáceas.
Talvez fosse melhor investir então nesses carvalhos, que até espontâneos e "naturais" do nosso território. Carvalho-roble ou alvarinho (Quercus robur). Carvalho-negral ou pardo (Q. Pyrenaica). Carvalho-cerquinho (Q. Hybrida). Carvalho-de-monchique (Q. Canariensis).
Não quero que fique a ideia que desprezo o nosso VIº Rei (Lisboa, 1261; Santarém, 1325). Longe disso. Foi ele que legislou o Uso Exclusivo da Língua Portuguesa e em 1290 criou os Estudos Gerais da Universidade de Coimbra. Viva o Rei.